Na casa de São Francisco
Novamente literata
ENCONTRO
Zilah Gonçalves Fernandes
Eis nos juntas novamente
Num encontro prazeroso
Como então antigamente
O melhor, mais proveitoso.
Nosso anseio literário
Traz encanto a cada dia
Reza feita em mesmo horário
Onde Deus nos auxilia.
Em 27 de setembro de 2008.
Igreja São Francisco de Assis Porto Alegre
ONDE MORA O AMOR
No bem que enobrece
de quem não esquece
do afeto espalhar,
o Amor tem guarida,
tem força, tem vida
a se eternizar.
Naquele extremado
que sacrificado
enjeita benesses,
Amor é sem medos,
levando segredos
a Deus entre preces.
No ser vacilante,
de alguém hesitante,
o Amor tem momento:
buscando confiança,
sonhada esperança
de renascimento.
Nos que sofredores,
ocultam mil dores
servindo ao irmão,
o Amor é certeiro
e assim verdadeiro
se faz perfeição.
São tantas moradas,
infindas pousadas
que o Amor pode ter.
Coração, no fundo
o traga aninhado
pois clama este mundo
que o Amor seja amado!...
(Março 2003)
Ninecos
NOSSA MÃE ZILAH
Somos três filhos maiores e com profissão artística, herdando de nossos pais o encantamento pela Música. Nossa mãe diz também ser artista, representando todos os papéis. Disto bem sabemos pois em nossas cenas de vida não prescindimos da participação dela embora sejamos independentes.
Professora aposentada, com pendores literários desde menina, estagnados pela viuvez que a combaliu em 1976, soube reerguer-se e hoje com 72 anos , voltando a compor, já conquistou 04 prêmios literários com seus poemas e sonetos, publicados em antologias. Isso por motivação da UNITI (Universidade para a Terceira Idade da URGS) que freqüenta desde 1999.
Nossa mãe é a maior fã que temos, dando-nos incentivo e apoio. Onde atuarmos lá estará ela , vibrando com seus artistas: o baterista, a cantora e a professora de música e coralista. Nela temos platéia atenta, acompanhando nossas apresentações de vida, sejam comédias ou dramas, com êxito ou não. No palco de nossa existência é protagonista maior, com desempenhos que nos orgulham. Voluntária na Paróquia São Francisco de Assis, há 13 anos, lá distribui os seus talentos.
Míriah, Deoclécio e Carla
Porto Alegre, 02 de maio de 2003.
MÃE
cujo esplendor gigante logo brilha
e orgulha a Terra e ao homem enaltece;
há feitos portentosos, há obras seculares,
provocando ovações, extasiando os olhares,
deixando rastro que jamais se esquece.
Sucedem-se os heróis, gabam-se projetos
e na expressão milenar dos dialetos
erguem-se hinos, prêmios e louvores.
E a humanidade num clamor profundo
vai concedendo louros pelo mundo
cultuando novéis descobridores.
Mas igualando a sábios e doutores
porém sem ter da Ciência os resplendores
há alguém que arrebata todos os troféus:
uma alma vivendo muitas vidas,
um coração aberto em mil feridas,
um ser da Terra pertencente aos Céus.
Alguém com sentimento inigualável
trazendo em coração imensurável
doses infindas de renúncia e amor;
ser que emudece entre maiores dores,
ser que resume todos os amores,
anjo fiel, amigo e protetor.
Encontra forças na fraqueza extrema,
já é sadia embora sendo enferma
e milionária sem ter um vintém;
não conhece tropeços se caminha,
tem poderes supremos de adivinha,
sabe sofrer e lutar como ninguém.
É cordeiro e é fera, resguardando
o filho que na vida vem cuidando
o fruto que em seu ventre germinou;
conhece sacrifícios bem penosos,
seus olhos são vigias cautelosos
seus braços em muralhas transformou.
Nada almeja se tem o filho ao lado
e embora tudo lhe possa ser negado
aos golpes do destino vai seguindo.
È fortaleza que jamais sucumbe,
maravilhosa luz de claro lume,
coragem, fé, ardor, perdão infindo.
Desnecessário seria o nomeá-la
foi ou é o calor de sua fala
que nos tornou já prontos para a vida;
lembrando seu carinho e sua ternura
havemos de dizer: tão santa criatura
é nossa mãe, é nossa mãe querida!
1º lugar Concurso Nacional
Nelson Fachinelli "EFEMÉRIDES"
Casa do Poeta Rio-grandense -
Porto Alegre-Rs. - 2003
MINHA MÃE Zilah - Poema Carla Fernandes
Era idos de sessenta
estavas ocupada, debruçada
sobre as classes escolares
zelosa professora primária.
E eu brincando no quintal
te esperava no fim das tardes
na soleira da porta
jogando no ar as cinco marias.
Junto de ti nas salas de aula
na grande mesa de tuas escolas
lanchava a mais deliciosa canjica.
Como uma aluna tua
recebia teus gestos generosos,
tua voz melodiosa a ensinar
frases, sílabas, canções de vida .
Nos idos de setenta
a morte te golpeou
tirando teu parceiro e admirador;
choramos juntas por longos anos
e o sofrimento não foi em vão:
continuamos unidas
porque teu gesto de mestra
sempre permanece
acolhe, integra, eleva.
Manténs a mesa sempre posta
com canjicas e vinho para todos
De tuas lágrimas surgiram palavras
suaves, musicais e verdadeiras
que distribuis ao mundo
em forma de poemas.
Carla Gonçalves Fernandes
Porto Alegre, 1º de maio de 2003
Bendito Amor
Bendito amor que junto a mim pressinto
embora neste mundo sem morada,
amparo e força tu me dás eu sinto
vivendo por teu zelo resguardada.
Bendito amor, agora eu já consinto
expor em rima aqui extravasada,
o tudo que prezaste e não extinto,
resplende a me guiar na caminhada.
Bendito amor grandioso na verdade,
de tão curta jornada, mas deixando
as marcas indeléveis da saudade.
Bendito amor terás perenidade:
com almas tão sofridas se encontrando,
felizes afinal na Eternidade!...
Outubro 2003.
Enviado p/ Concurso Vinicius de Moraes em 17.10.2003
NOSSAS BODAS
(in memoriam)
Hoje bodas de ouro completando
do dia que foi lindo em nossas vidas
eu sozinha e tristonha, recordando
ternas cenas no âmago escondidas.
O teu tempo de ausência vou contando
cada dia por horas bem sofridas,
as lembranças só tuas resgatando
de valor e verdade revestidas.
Esta data prossigo venerando
e outras mais que nos foram tão sentidas
quando juntos um lar fomos formando.
Tantos anos as juras preservando,
vivo assim de saudades repetidas
e da crença que estás me acompanhando.
09 de julho de 2007.
AO HONÓRIO
Eu com minha irmã gêmea Zênia e no centro o caçula Honório
AO HONÓRIO
(por sua colação de grau em Direito,
dia 08 de março de 2008)
Hoje vês o teu sonho completado
pós esforço tenaz, imensurável,
ideal pela fé estruturado,
um triunfo a tornar-se memorável.
Otimismo em projeto planejado
dia a dia por senda infatigável,
tens agora teu mundo renovado
muito além do talvez imaginável.
Com simbólico traje te envolvendo
e sorrisos de júbilo a mostrar
- um feliz bacharel estamos vendo.
Tantas causas, irmão, a te esperar
nesse ofício tão nobre, que exercendo,
hás de muitas vitórias conquistar!
Porto Alegre, 04 de março de 2008.
Professor Deoclécio Reis Fernandes
Ao Deoclécio
NO TEU ANIVERSÁRIO - (23 de fevereiro)
Ao Deoclécio – in memoriam
Hoje em teu natalício ao decidir
não deixar-te tão só, abandonado,
o teu túmulo eu quero reflorir
pra teus anos oitenta ser lembrado.
Triste ao ver essa lousa a exibir
teu escrínio invadido e lacerado,
mesmo idosa, saúde a combalir
cá estou no afã deste cuidado.
Tenho amparos por guia ao caminhar:
- tu me fazes seguir fortalecida,
- nossos filhos a me incentivar.
Todos nós teus exemplos a lembrar
que por muita virtude merecida
junto a Deus já no Céu deves estar.
Porto Alegre, 23 de fevereiro de 2008.